Pode me chamar de Mamãe...

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O mundo é um moinho, amor...

Mi bebe, 

Hoje é um dia daqueles...Que você se sente insignificante, por qualquer motivo que seja e, que nenhum elogio mudará essa sensação de copo vazio. Conhece? Depois eu conto essa estória do Copo. Bom, existe essa dor interna, avassaladora e ela insiste em permanecer em mim. Vive dentro do meu peito como um parasita mostrando que o mundo gira - parecendo um moinho, destruindo seus sonhos e sua sanidade - enquanto grita-se internamente por ajuda. 



Pois bem, mi bebe, quando esse momento chega na sua vida, você tem duas escolhas: encara que o fracasso está próximo ou luta até o fim. Resultado: Vim comer Strogonoff na esquina, mesmo com a aula do cursinho para a prova da OAB estar rolando.  Enfim, o que eu quero dizer não é que houve uma desistência por minha parte, mas que uma pausa quando tudo parece perdido, é extremamente necessária.

Vim comer Strogonoff porque me faz feliz e também por que com isso a tristeza passe um pouco, quase como uma válvula de escape. Não, eu não vou me tornar uma pessoa compulsiva por comida - pelo menos é o que espero -  no fim das contas a tristeza é apenas um momento e a compulsão é praticamente eterna.

Ok, isso é irrelevante no momento. O que significa mesmo, o que me carrega para essas recaídas sentimentais é o fato de não me permitir. De achar que não tenho o direito de me sentir assim: triste, frustrada, abatida quase coitadinha, ou até mesmo alegre, feliz quando existem pessoas que passaram por coisas piores e continuam a viver... Tanto continuam que é como uma amnésia temporária de todo e qualquer sentimento negativo ou simplesmente porque lembrar dos momentos tristes ou situações desagradáveis são insuportavelmente dolorosos. Então, mais fácil fingir que esqueceu, que superou, que passou. Até cicatrizar.

Não sei qual o motivo, mas acham que essa tristeza é curada com o tempo e acabam não respeitando a dor externalizada (como profunda) por qualquer pessoa que seja naquele exato momento. Dizem que é o mal do século, que é comum, que é manhã ou que é pesado demais e, que deveria ser deixado para lá como quem deixa um copo de café depois de tomado.

Realmente, concordo, deveria ser deixado para lá...por fim, pessoas assim são cansativas mesmo, falam sempre dos mesmos problemas ou aflições... Se preocupam com o que é alheio e inclusive esquecem de si próprios. Talvez isso seja consequência do bom coração. Vai saber, né? Sinceramente, espero que não.

As vezes, mi bebe, dá vontade de dizer a você: SEJA MAU. Mas, que mãe eu seria se dissesse isso a você? Olhe com compaixão e respeito a dor das pessoas, se você quiser seguir o caminho do bom coração, o caminho das pedras (ou diamantes, depende da perspectiva). Mas desde já te advirto: As pessoas abusam do coração bom. Não é fácil ser bom - apesar do conceito de bom ser simples e visualmente fácil - , carinhoso e amigo, somos sempre passados para trás, machucados e desvalorizados. Na verdade é muito comum...

Talvez seja por esse motivo que sempre passa na minha cabeça os questionamento quanto a minha morte, as perguntas que me mantem acordada durante várias noites: Será que teriam muitas pessoas no meu enterro se eu morresse hoje? Que tipo de lembrança eu seria? Eu não gosto muito da morte, mas não tenho medo de quando ela chegar. A minha única dúvida é: que tipo de pessoa eu teria me tornado até esse dia? Que tipo de pessoas eu agregaria no meu enterro? São pessoas que me valorizaram enquanto eu estive viva? Ou seriam pessoas que um dia eu menosprezei e não percebi que me valorizavam? Tantas perguntas que eu jamais verei a resposta.

Será, mi bebe, que você... Que tanto espero, será uma delas? Das pessoas que veem o meu valor? Filhos de maneira geral só entendem o valor dos pais quando os perdem ou quando não os têm. Dizem que a gente sente falta do que a gente não tem, talvez seja verdade...

Eu sinto falta de muitos abraços que deixei de dar ao meu pai, sinto falta do companheirismo do meu irmão, sinto falta do meu tio que não me viu formar porque resolveu abreviar sua vida - ele tinha os motivos dele, não o julgo, ele tinha a dor dele e eu respeito isso - mas sinto falta. Sinto conjuntamente uma imensa preocupação quanto as pessoas que um dia fizeram ou fazem parte da minha vida (enquanto presentes nela, ou até mesmo depois que deixam de estar), não estejam mais nela por teimosia minha ou deles, por mágoa, rancor... por escolha, enfim, não importa o motivo...Nem importa se isso vem de mim ou parte deles essa realidade... Só o que importa é: se fazem parte e,  caso estejam são distantes, se têm conhecimento de que a saudade incomoda.

Também  é pertinente o fato de outras pessoas terem saindo da minha vida e eu não ter tido escolha quanto a essa situação, simplesmente aconteceu, ficou para trás...Constituindo um vazio e a tal parcela de saudade. Muitas pessoas que eu gostaria de ver em momentos especiais, como meu casamento - com toda certeza uma situação épica e um marco na história desse Brasil -, provavelmente não estarão lá. 

Afinal, a vida se encarrega de separar o joio do trigo. E é isso, mi bebe, faça o seu melhor... Porque a vida se encarrega do resto. Inclusive de tirar e colocar pessoas na sua vida. Pessoas importantes, pessoas passageiras, outras que são para sempre. Saiba ver e diferenciar o joio do trigo. Sua vida será melhor se aprender isso rápido. A vida vai te ensinar como tem me ensinado. Não! Não tem sido fácil, dói muito. Mas, acredite, no que eu puder te ajudar, o que eu puder lhe mostrar, farei.

Só não vá contando com o fato de que a mamãe te ajudar facilitará a vida e não terá sofrimento. MENTIRA! A vida é sofrida sim! E, você vai se machucar...Vai cair, mas eu estarei aqui para te ajudar a levantar. Até porque mãe é apoio, é amor, é respeito e compreensão. Se eu tenho isso, porque não te daria? ;)

*TÃO INSIGNIFICANTE que não consegue fechar a ideia do texto com exatidão. ;~~ 

Mamãe ama imaginar você... ;*

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